quinta-feira, 23 de abril de 2015

Física quântica, ciência e espiritualidade - parte 1

Na internet, em livros e revistas lemos, com frequência, artigos afirmando que a física quântica comprova a reencarnação, que a mente cria a matéria e a transforma, que existe o plano akashico, que o prâna e a kundalini seriam energias quânticas etc. Tais informações carecem de base científica e, muitas vezes, vão de encontro às principais psicosofias (sabedorias espiritualistas). Sem falar do charlatanismo, cujo objetivo é vender mantos, amuletos e outros objetos materiais afirmando que os mesmos são construídos com base na física quântica. É preciso deixar claro, para início de conversa, que a mecânica quântica não se relaciona com o tema espiritualidade e nem, ao menos, com a consciência.
A física quântica se resume ao estudo do mundo subatômico, no qual o método científico newtoniano não é suficiente para explicá-lo. Uma das bases da física quântica é a impossibilidade de medir a velocidade e o momentum (tamanho, direção e localização) de um elétron. No universo macroscópico, onde a vida cotidiana acontece, isso é possível com praticamente todos os objetos o que permite, por exemplo, enviar com precisão um foguete para a Lua ou encaçapar uma bola de bilhar. Porém, no universo subatômico, quanto mais se conhece a velocidade de uma partícula, menos saberemos sobre o seumomentum e vice-versa. Por isso, é preciso fazer escolhas metodológicas, definindo o que será observado. E mesmo o resultado dessa observação nunca será preciso, como no caso da posição de Marte em relação à Terra daqui a 20 anos. No universo subatômico será necessário se trabalhar com probabilidades, o que impede qualquer determinação precisa do que acontece com as partículas naquele reino da natureza.
O fato da física quântica não trabalhar com consciência, com espiritualidade (aliás, o grande refrão dos espiritualistas é que não existe o acaso. E, por acaso, é justamente o acaso que a física quântica enfatiza) e valorizar o acaso junto com a ideia de indeterminação levou Einstein a afirmar que a teoria seria incompleta pois "Deus não joga dados").
Mas a probabilidade de existir vida após a morte, reencarnação, comunicação com espíritos etc. é alta. Há inúmeras evidências empíricas que apontam para a existência desses fatos. Mas, nenhum desses assuntos, são tratados pela física quântica. 
Pode ser que um dia o tema espiritualidade ou transcendentalismo ganhe, de fato, um cunho científico. Mas, ainda hoje, essa ponte entre a ciência e a espiritualidade é realizada através de relatos mediúnicos e da clarividência, dois métodos de estudos que não são científicos. E, a partir deles, é possível formular algumas hipóteses sobre a relação matéria - energia - espírito, mas é preciso saber diferenciar o que é uma hipótese, um pressuposto teórico ou mesmo uma teoria sobre a possível relação ciência/espiritualidade das afirmações pueris que encontramos rotineiramente afirmando que a física quântica comprovou a reencarnação ou outro fato espiritualista.
Dentro dessa perspectiva, vamos apresentar uma hipótese de trabalho que parte de um pressuposto básico: a existência de uma energia não medida ou quantificada que vamos chamar de qualitum e que se origina do Sol, apesar de não ser material (quantizada). Em alguns momentos ela se torna visível na atmosfera, constituindo-se no que a teosofia chama de "glóbulos de vitalidade".
Esta energia que estamos chamando de qualitum não cria a matéria, mas há indícios que ela vitaliza os átomos materiais, sobretudo os que formam os corpos orgânicos. E a atmosfera está saturada de glóbulos de vitalidade. O nosso corpo físico absorve essa energia quando está relaxado e também através do sono, resultando na sua revitalização. Mas é interessante assinar o poder da vontade na manipulação do qualitum. Podemos, usando conscientemente o nosso pensamento, manipulá-lo de forma a nos proteger de energias mentais e emocionais "mórbidas", de "vampiros" e de outras "energia negativas". Como também atraí-lo em grande quantidade, como acontece com a prática do Tai Chi Chuan, da Yoga ou da meditação.
Os glóbulos de vitalidade também chegam ao nosso organismo através do alimento e da água. Quanto mais saudáveis e naturais, mais quantidade de qualitumabsorvemos.  E os átomos presentes na constituição de nosso corpo físico, quando são esvaziados de qualitum, se tornam iguais aos outros que formam, por exemplo, uma cadeira.
Assim, o prâna (e consequentemente os glóbulos de vitalidade) não são quânticos, mas qualificam (vitalizam) os átomos. E o mesmo podemos dizer da Kundalini, uma energia que depende para ser despertada, de forma sadia e plena, da vontade e, sobretudo, da força moral. Esse fato já demonstra que a kundalini também não é uma energia quântica, pois, se fosse, a cadeira também seria capaz de despertar a kundalini. Esse despertar é fundamental para que ocorra a integração do ego (eu inferior) e o Self (eu superior). 
A Teosofia também defende que a energia física (quântica) é diferente do prâna e da kundalini e afirma que não tem como uma se converter em uma outra. E sem o despertar da kundalini não haveria comunicação consciente entre o plano físico e o astral.
Essa introdução é uma tentativa de construir um referencial teórico que, de fato, permita uma interface da ciência com a espiritualidade, pressupondo a existência de uma outra energia, o qualitum, que não entra na composição do átomo físico, mas que é capaz de vitalizar os átomos, sobretudo, os presentes nos corpos orgânicos. Em um outro artigo vamos buscar demonstrar o papel do pensamento e das emoções neste processo.

São Carlos, 23 de abril de 2015


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