sábado, 23 de maio de 2015

O erro interpretativo da cura quântica

A fundamentação da cura quântica, proposta do médico indiano Deepak Chopra é baseada em uma interpretação equivocada da experiência da "dupla fenda", na qual se procura detectar por qual fenda um elétron passaria. Devido a esse equívoco, muitas pessoas escrevem que "A física quântica já comprova que o observador faz com que o elétron modifique seu comportamento, de onda para partícula."
Essa citação acima foi retirado de um site sobre cura quântica, mas aparece nos livros do Deepak Chopra e de autores brasileiros como Lauro Trevisan. Porém, ela induz a um erro crasso. Não é o observador que modifica o comportamento do elétron, mas o instrumento usado para observar.
Vejamos o que de fato acontece, nessa citação de Niels Bohr, retirada de seu livro Física atômica e conhecimento humano: "O reexame do próprio problema da observação nesse campo, iniciado por Heisenberg, um dos principais fundadores da mecânica quântica, evidenciou pressupostos até então desconsiderados para o uso inambíguo até mesmo dos mais elementares conceitos em que repousa a descrição dos fenômenos naturais. O aspecto crucial, neste ponto, é o reconhecimento de que qualquer tentativa de analisar, à maneira habitual da física clássica, a 'individualidade' dos processos atômicos, condicionados pelo quantum da ação, é frustrada pela inevitável interação dos objetos atômicos em exame com os instrumentos de medida indispensáveis para esse fim."
Em outras palavras, afirmar que o observador interfere na medição, refere-se à interação descrita acima e não o fato de alguém observar. Aliás, é preciso levar em consideração que ninguém observa um átomo a olho nu. Para que pudéssemos ver um átomo, com o seu núcleo e sua eletrosfera, o átomo teria que ter o tamanho aproximado de um prédio de 16 andares. E, nesta escala, o núcleo seria como um grão de areia. Por isso, ele é observado de forma indireta através de complexos aparelhos que interferem no comportamento do elétron. 
Porém, os adeptos da cura quântica demonstram desconhecer esse fato, acreditando que é o ato fisiológico de olhar para o elétron que faz com que ele mude de comportamento, como se pode notar na frase abaixo, retirada do mesmo site:
"Mas é apenas nossos olhos que interferem, ou podemos ir a um ponto mais profundo, nossa consciência, que em infinitas probabilidades, faz com que apenas uma se manifeste?"
Fica explícito na frase que esse adepto da cura quântica ignora a relação entre o instrumento de medição e os elementos quânticos, acreditando que é o olho que interfere no processo. Assim, se o olho interfere, a consciência também deveria interferir. 
Vamos deixar essa outra questão para um outro artigo, quando iremos abordar diferentes pesquisas realizadas por parapsicólogos que tentando verificar se a força do pensamento interferia no movimento dos elétrons, chegaram a um resultado inconclusivo. Ou seja, deixar os elétrons se movimentar ao acaso ou tentar direcionar seu movimento com o pensamento não resultou em dados estatísticos que pudessem evidenciar a força do pensamento neste processo.
Enfim, a afirmação que a física quântica comprova que a mente cria a matéria ou a modifica, no caso dos sistemas quânticos, é facilmente refutável. Outra coisa, porém, é a força das emoções sobre as células, podendo afetá-las negativamente. Neste caso, há mais evidências demonstrando como a força do pensamento e das emoções, as energias psíquicas, afetam o corpo físico. Mas, é importante esclarecer, as células não fazem parte dos sistemas quânticos. 


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